10 e 11 de junho de 2010 Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP
Submissão de trabalhos, programação e mais informações pelo site:
http://proex.epm.br/eventos10/drogas/index.html
Espaço aberto àqueles que se interessam pelo fenômeno cultural do consumo de substâncias psicoativas e que queiram compartilhar informações relativas ao uso de drogas ou de plantas de poder. Bibliografias, perspectivas de estudo, construções epistemológicas, eventos culturais, científicos e experiências de pesquisa serão recorrentes nesse espaço de esclarecimento.
segunda-feira, 31 de maio de 2010
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Simpósio Internacional: Conhecimentos Tradicionais na Pan-Amazônia
Povos e comunidades tradicionais, movimentos sociais, pesquisadores e governos irão discutir sobre os Conhecimentos Tradicionais na Pan-Amazônia
Pesquisadores, representantes de povos e comunidades tradicionais, de organizações não-governamentais e dos países da região amazônica, se reunirão no Brasil para dialogar sobre os conhecimentos tradicionais na Pan-Amazônia. O Simpósio Internacional sobre Conhecimentos Tradicionais na Pan-Amazônia pretende ser um espaço de trocas de experiências sobre as questões relativas aos saberes de povos e comunidades tradicionais, que congregará representantes de instituições e organizações da Bolívia, do Brasil, da Colômbia, do Equador, da Guiana, do Peru, do Suriname, da Venezuela e da Guiana Francesa.
O Simpósio Internacional sobre Conhecimentos Tradicionais na Pan-Amazônia será realizado entre os dias 14 e 16 de julho de 2010, na cidade de Manaus, na Amazônia brasileira, pela Universidade do Estado do Amazonas, através do Núcleo Sociedade e Culturas Amazônicas (NCSA/CESTU), com apoio do CNPq e da Fundação Ford. O evento foi programado para atender à demanda de pesquisadores e movimentos sociais, objetivando o aprofundamento das discussões sobre a regulação jurídica dos conhecimentos tradicionais e a relação desses saberes com territorialidades específicas. A riqueza amazônica não é apenas biológica, mas também social. Sua diversidade cultural é expressa por meio dos vários povos e comunidades, com denominações, modos de vida e sistemas de regras próprios, sejam eles indígenas, quilombolas, seringueiros, quebradeiras de coco babaçu, piaçabeiros, castanheiros e ribeirinhos, dentre outros.
Os debates atuais em torno do acesso e do uso de saberes de povos indígenas e de comunidades tradicionais têm articulado temas variados, relacionados à conservação ambiental, aos direitos humanos e à propriedade intelectual, suscitando questões muito complexas. O Simpósio Internacional sobre Conhecimentos Tradicionais na Pan-Amazônia visa alcançar um público amplo e difuso que reflita a diversidade de agentes sociais envolvidos nesses debates. Um dos principais objetivos do evento é promover o intercâmbio científico entre os países da região amazônica, propiciando um espaço social de relações de pesquisa e debate.
O Núcleo Cultura e Sociedades Amazônicas (NCSA), do Centro de Estudos Superiores do Trópico Úmido (CESTU), é composto por uma equipe interdisciplinar que realiza pesquisas científicas no âmbito do Projeto Novas Cartografias Antropológicas, juntamente com representantes de movimentos sociais. O NCSA conta com o banco de dados do Instituto de Referência Cultural sobre Povos e Comunidades Tradicionais, resultado dos trabalhos desenvolvidos durante seis anos por pesquisadores do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia.
As inscrições e a programação estarão disponíveis em breve.
Informações: conhecimentostradicionais.pncsa@yahoo.com
http://www.novacartografiasocial.com/simposio_pan_amazonia.asp
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Matéria da Revista Mente e Cérebro: "Alucinógenos ajudam a controlar distúrbios"
Matéria original disponível em: http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/alucinogenos_ajudam_a_controlar_disturbios.html
Psilocibina, substância retirada de cogumelos, traz bons resultados em tratamentos para reduzir ansiedade e ataques de enxaqueca; pesquisadores investigam agora a capacidade do componente de aliviar sintomas característicos do transtorno obsessivo-compulsivo(TOC).
Flashback: um homem de meia-idade entra em uma sala com móveis confortáveis, senta-se em um sofá e recebe um comprimido. Depois de ingerir a pílula, um médico coloca uma venda sobre seus olhos, fones em seus ouvidos e o convida a deitar-se. Ele começa a ouvir uma suave música clássica e, durante as oito horas seguintes, o homem que se autodefine religioso embarca em uma jornada interna, desencadeada pela droga psilocibina, o ingrediente ativo dos cogumelos alucinógenos.
O experimento faz parte de uma pesquisa com 36 participantes destinada a explorar os efeitos farmacológicos e psicológicos da psilocibina, comparando-os aos de um controle ativo, o cloridrato de metilfenidato (conhecido como ritalina). Vinte e duas pessoas afirmaram ter tido experiências místicas com a psilocibina e 24 as consideraram as mais significativas de sua vida, equivalentes ao nascimento do primeiro filho ou à morte de um dos pais. Durante a fase de acompanhamento, “eles continuaram a relatar mudanças positivas na atitude e no comportamento”, disse o coordenador dos estudos Roland Griffiths, da Universidade Johns Hopkins. “Para eles a experiência continuou a ser significativa tanto no aspecto pessoal quanto no espiritual.”
Além de Griffiths, outros pesquisadores têm se dedicado a investigar os efeitos psicológicos e fisiológicos de componentes psicodélicos que mimetizam o neurotransmissor serotonina. Charles Grob, do Centro Médico Harbor-Ucla (Universidade da Califórnia em Los Angeles), por exemplo, analisa os efeitos da psilocibina na redução da ansiedade em pacientes terminais de câncer. Francisco Moreno, da Universidade do Arizona, pesquisa sua capacidade de aliviar os sintomas que caracterizam o distúrbio obsessivo-compulsivo e, em estudos com outros alucinógenos, tais como o MDMA, mais conhecido como ecstasy, começou a explorar seus possíveis benefícios.
Os estudos com essas drogas ressurgiram em 1990, quando o Food and Drug Administration (FDA), órgão americano que regula o uso de alimentos e medicamentos, encerrou uma moratória de duas décadas, autorizando pesquisas sobre os efeitos em seres humanos do DMT (dimetiltriptamina), poderoso alucinógeno de ação rápida e duração curta do efeito, anos depois de instituições respeitáveis terem abrigado pesquisas questionáveis. Timothy Leary, por exemplo, ganhou popularidade internacional em razão de suas experiências com LSD feitas enquanto era professor da Universidade Harvard. Por isso, há quem tema a repetição desses fatos. Outro caso é o do ecstasy, que se tornou popular depois que certos psiquiatras o utilizaram em um contexto terapêutico incomum.
Como consequência, obter verbas para essas pesquisas continua um enorme desafio. Embora o Instituto Nacional Contra o Abuso de Drogas (Nida) tenha financiado o estudo com a psilocibina, a instituição não está interessada nos potenciais usos terapêuticos. “Estamos abertos ao estudo de todas as classes de drogas ilícitas que viciam”, declara o pesquisador David Shurtleff, diretor da Divisão de Pesquisas Básicas de Neurociência Comportamental do Nida. “Mas estamos longe de pensar em tratamentos com esses compostos. Ainda há muitas questões sobre como eles interagem com o indivíduo.”
Por serem ilícitas, a psilocibina e substâncias psicodélicas semelhantes podem sofrer a mesma resistência à indicação terapêutica que a maconha teve nos últimos anos. Porém, mesmo observadores externos à pequena comunidade de pesquisadores dos alucinógenos notam uma diferença qualitativa entre esses dois casos: “A grande quantidade de estudos científicos em relação à maconha foi exatamente o erro nos trabalhos com psicodélicos no passado. Não havia estudos bons e controlados”, diz Herbert Kleber, que dirige a divisão de abuso de substâncias da Universidade Colúmbia. “Havia a clara impressão de que muito dinheiro e esforço haviam sido empregados na legitimação da droga para uso recreativo.”
Pesquisadores que trabalham com alucinógenos estão se esforçando para oferecer um bom e controlado estudo sobre seus efeitos no corpo humano. “Os animais podem receber qualquer droga que vicia o ser humano. Mas eles não se autoinjetam psilocibina, LSD ou outra droga psicodélica”, explica Charles Schuster, da Universidade de Waine State e ex-diretor do Nida. “É um fenômeno exclusivamente humano”, o que torna tal pesquisa carregada de perigos. O MDMA mostrou alguns danos nos estudos com animais, e a psilocibina pode desencadear esquizofrenia e outras doenças mentais em pessoas sensíveis. “Apesar de toda nossa preparação, 30% dos voluntários tiveram uma experiência significativa de medo, algumas delas acompanhadas por paranoia”, observa Griffiths. “É fácil notar como isso pode agravar comportamentos perigosos.”
Mas em local apropriado, com supervisão adequada, as drogas psicodélicas como a psilocibina demonstram ser eficientes no tratamento de angústias em pacientes terminais ou mesmo em viciados em drogas, oferecendo o tipo de experiência espiritual da qual programas como os Alcoólicos Anônimos dependem. A psilocibina já demonstrou algum potencial terapêutico em outras áreas da saúde. Pesquisadores do Hospital McLean de Belmont, Massachusetts, descobriram que esse composto parece bloquear os ataques de enxaqueca. Além disso, o tranquilizante alucinógeno quetamina provou ser rápido e eficiente no alívio da depressão em pacientes que não responderam a outros tratamentos, de acordo com estudo recente do Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos.
Lançamento do Livro; Panteísmo - A Religiosidade do Presente, por Régis Alain Barbier
Convite de Lançamento
“Um livro pioneiro expressando formalmente a natureza filosófica, metafísica e política do Panteísmo como posicionamento existencial...”
Livraria Cultura - DIA 09 DE JUNHO ÀS 19:00 h. Rua Madre de Deus, s/n – Paço Alfândega / Recife-PE. Tel: (81) 2102-4033
Resumo da Obra:
Os diversos matizes de panteísmo divinizam a Natureza, retificando de imediato importantes divisões conceituais entre o sagrado e o mundo, a religião e a ciência, possibilitando o decorrente surgimento de três tendências: unificação, ou paz, pelo reconhecimento intuitivo e direto da unidade universal; ética, pela compreensão de que somos parte da Natureza, não a finalidade e propósito da criação; criatividade, pela absoluta e imediata identificação com o Universo criador...”. Na mitológica panteísta, a compreensão, extensa ao extremo, rende-se ao conhecimento eidético, fenomenológico, o princípio, arché, permanece ao alcance, em inserção, apreendido de imediato, contemplado e comungado nas relações e trocas, orientando o existente: a distinção justifica a criação sem dicotomizar, suscitando atos criativos, centrados e em harmonia com a Natureza, motivando um sentimento de inclusão e adequação.
Contatos com o autor Régis Alain Barbier:
Email - barbier-ra@uol.com.br
Web sites:
http://www.essencialismo.org
http://www.panhuasca.org
“Um livro pioneiro expressando formalmente a natureza filosófica, metafísica e política do Panteísmo como posicionamento existencial...”
Livraria Cultura - DIA 09 DE JUNHO ÀS 19:00 h. Rua Madre de Deus, s/n – Paço Alfândega / Recife-PE. Tel: (81) 2102-4033
Resumo da Obra:
Os diversos matizes de panteísmo divinizam a Natureza, retificando de imediato importantes divisões conceituais entre o sagrado e o mundo, a religião e a ciência, possibilitando o decorrente surgimento de três tendências: unificação, ou paz, pelo reconhecimento intuitivo e direto da unidade universal; ética, pela compreensão de que somos parte da Natureza, não a finalidade e propósito da criação; criatividade, pela absoluta e imediata identificação com o Universo criador...”. Na mitológica panteísta, a compreensão, extensa ao extremo, rende-se ao conhecimento eidético, fenomenológico, o princípio, arché, permanece ao alcance, em inserção, apreendido de imediato, contemplado e comungado nas relações e trocas, orientando o existente: a distinção justifica a criação sem dicotomizar, suscitando atos criativos, centrados e em harmonia com a Natureza, motivando um sentimento de inclusão e adequação.
Contatos com o autor Régis Alain Barbier:
Email - barbier-ra@uol.com.br
Web sites:
http://www.essencialismo.org
http://www.panhuasca.org
segunda-feira, 17 de maio de 2010
II Congresso Internacional do Núcleo de Estudos das Américas - Sistemas de poder, pluriculturalidade e integração
O evento acontecerá entre os dias 20 e 24 de setembro de 2010 - na UERJ.
A Ficha de Inscrição encontra-se no site do evento e pode ser encaminhada, junto com o resumo (até 15 linhas), tanto para a coordenação quanto para o e-mail do coordenador. O evento receberá resumos até 20 de julho. Segundo a coordenação do evento, somente poderão apresentar comunicações professores e alunos de pós-graduação e alunos de Iniciação Científica, com pesquisa em curso financiada pela Universidade ou Órgãos de Fomento.
Maiores informações sobre o evento:
http://www.congresso.nucleasuerj.com.br
quinta-feira, 13 de maio de 2010
Simpósio e Encontro sobre Plantas Medicinais Recebem Inscrições de Trabalhos
Aberta inscrições de trabalhos até o próximo dia 24 no III Simpósio de Plantas Medicinais e Fitoterapia e no X Encontro da Rede Fitocerrado, que acontecem simultaneamente de 11 a 13 de junho na Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Os eventos pretendem reunir profissionais das áreas de pesquisa e comércio para discutir a respeito de plantas medicinais, Fitoterapia e bioma do cerrado.
Os temas serão abordados a partir de palestras, mesas-redondas, mini-simpósios e painéis, categoria esta em que os interessados poderão apresentar trabalhos acadêmicos nas áreas de Toxicologia e Farmacologia, Etnobotânica, Bioquímica e Farmacotécnica.
As inscrições devem ser feitas pelo site: www.redefitocerrado.org.br/simposio
Os temas serão abordados a partir de palestras, mesas-redondas, mini-simpósios e painéis, categoria esta em que os interessados poderão apresentar trabalhos acadêmicos nas áreas de Toxicologia e Farmacologia, Etnobotânica, Bioquímica e Farmacotécnica.
As inscrições devem ser feitas pelo site: www.redefitocerrado.org.br/simposio
quarta-feira, 12 de maio de 2010
Retrospectiva exibe 37 filmes de Jean Rouch
Por: ASCOM-UFPE
A obra de Jean Rouch, cineasta-antropólogo francês, famoso por seu trabalho sobre povos africanos, poderá ser vista pela primeira vez no Recife, entre 14 e 23 deste mês, no Cinema da Fundação. A mostra é uma realização do curso de Cinema da UFPE, a Associação Balafon (de Minas Gerais), com apoio do Ministério da Cultura, da UFPE, da Fundação Joaquim Nabuco e da Aliança Francesa do Recife.
O cineasta-antropólogo francês Jean Rouch é o mais importante realizador no campo do filme etnográfico. A mostra que chega ao Recife é comparável à realizada pela Cinemateca Francesa em 2009, com exibirão gratuita de 37 filmes do documentarista francês, entre longas e curtas, a maioria inédita no Brasil. Será uma oportunidade única para conferir títulos importantes como “A Pirâmide Humana”, “Pouco a Pouco”, “Crônica de um Verão”, “Eu, Um Negro” e “Jaguar”, além de outras obras menos conhecidas, mas igualmente fundamentais da trajetória de Rouch.
Sob a curadoria do mineiro Mateus Araújo Silva, os 37 filmes foram divididos em 17 programas. “Se muitos sabiam que Rouch é um cineasta fundamental e um africanista importante, pouquíssimos haviam tido um contato direto e efetivo com o conjunto de sua obra. Sua vasta filmografia, que aguardava uma retrospectiva ampla, agora é devidamente resgatada. Seus escritos numerosos, porém, ainda esperam a iniciativa de editores audazes para serem traduzidos entre nós”, destaca o curador.
Jean Rouch (1917-2004) atravessou o século como se vivesse sete vidas cheias de facetas e paradoxos. Ele foi ao mesmo tempo eminência parda do cinema francês moderno, antropólogo africanista com doutorado defendido na Sorbonne em 1952 sobre os Songhay, pesquisador do CNRS durante muitos anos e autor da obra mais importante de todos os tempos no campo do filme etnográfico. Como objeto privilegiado do seu trabalho, elegeu alguns países da África Ocidental (sobretudo Níger e Mali, mas também Costa do Marfim e Gana), dos quais nos deixou um acervo de imagens e sons sem paralelo. Mas também filmou muito na França e noutros países, revelando sempre, por onde tenha andado, curiosidade pelas diversas culturas e vontade de compreendê-las.
Seus filmes influenciaram a geração de cineastas da Nouvelle Vague e nos anos 60. Além disso, Rouch faz parte de uma vertente do documentário que ficou internacionalmente conhecida como "cinema verdade". Sua obra, diversas vezes premiada em Veneza, Cannes e Berlim, se compõe de documentários etnográficos ("Os Mestres Loucos" e "Sigui sintese"), sociológicos ("Crônica de um Verão") e ficções muito peculiares ("Eu, um Negro" e "Cocorico, Monsieur Poulet").
Rouch inovou o cinema técnica, ética e esteticamente. Procurou tratar seus personagens como sujeitos e não apenas objetos do discurso fílmico. Na sua visão, o desejo de investigação do filme etnográfico oferece um ponto de convergência entre a subjetividade do criador e a objetividade do pesquisador – ou, de outro modo, entre arte e ciência.
Em oposição a mestres da antropologia, como Claude Lévi-Strauss (para quem o registro cinematográfico era “como um caderno de notas, que não deveria ser publicado”), Rouch entendia o documentário etnográfico como uma forma de estabelecer um diálogo com o sujeito do seu estudo, em vez de apenas descrevê-lo. Esta mudança de paradigma seria, para Rouch, uma maneira de contribuir para que a antropologia deixasse de ser “a filha mais velha do colonialismo”.
Serviço:
Mostra Jean Rouch” em Recife – de 14 a 23 de abril, em horários variados, com copias em DVD legendadas, na Fundação Joaquim Nabuco – Rua Henrique Dias, 609, Derby. Entrada franca. Confirmar programação previamente: telefone (81) 3073.6689 e e-mail: cinema@fundaj.gov.br
Mais informações
http://cinepernambuco.wordpress.com/
http://www.flickr.com/photos/predestinos/
Seminário Drogas e Vulnerabilidade: Ações Intersetoriais
No dia 28 de maio será realizado o Seminário Drogas e Vulnerabilidade: Ações Intersetoriais, em parceria com o Programa Estadual de DST/AIDS do estado de São Paulo. O evento trará discussões e apresentação de tentativas concretas de trabalhos conjuntos com populações em situação de vulnerabilidade. A inscrição é gratuita e as vagas são limitadas.
segunda-feira, 10 de maio de 2010
Mídia e Religião: o Tratamento Televisivo do Chá Religioso Ayahuasca
Olá amigos tudo bom? Escrevo aqui para anunciar que foi defendida no dia 24/03/2010 a monografia, para a conclusão do curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Universidade Federal de Alagoas, intitulada: "Mídia e Religião: o Tratamento Televisivo do Chá Religioso Ayahuasca" escrita por Isaac Roberto Ferreira. Ponho abaixo o resumo do TCC, mas ele pode ser acessado pelo Scribd no seguinte endereço: http://www.scribd.com/doc/31169184/Midia-e-Religiao-TCC-Isaac-Ayahuasca-UFAL-2010
FERREIRA, Isaac Roberto. Mídia e religião: o tratamento televisivo do chá religioso ayahuasca. Maceió, 2010, 59p. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), Curso de Comunicação Social, Jornalismo, Instituto de Ciências Humanas, Letras e Artes - Universidade Federal de Alagoas.
Análise da abordagem utilizada pela mídia televisiva sobre as religiões que não possuem raízes semíticas, em especial as que utilizam o enteógeno ayahuasca, destacando a história dessas religiões e o preconceito em sua abordagem. O monopólio católico e evangélico nas principais emissoras de televisão brasileiras contribui significativamente para a formação de opinião pública equivocada sobre essa linha de crença.
Palavras-chave: Mídia; Religião; Ayahuasca; Sensacionalismo; Preconceito; Televisão.
Email do autor: woodstock_rif@hotmail.com
Museu do Estado inaugura exposições sobre povos indígenas
Da Assessoria de Comunicação da Fundarpe
No próximo dia 12, o Museu do Estado de Pernambuco (Mepe) inaugura de uma só vez duas exposições que irão movimentar o espaço até o final do mês de maio. O Espaço Cícero Dias recebe as mostras Mitos, Danças e Rituais Indígenas e O Legado Sagrado dos Índios Americanos, ambas constituídas por fotos e objetos pertencentes a diferentes povos do continente.
A primeira reúne parte do acervo da coleção Carlos Estevão de Oliveira, coletado durante os anos 30. A mostra é composta tanto por objetos utilizados nos antigos rituais indígenas – como maracá, flautas, cuias, lanças – e por fotografias que retratam o a vida cultural de povos como o Canela, Pankararu, Tuxá e Fulni-ô. Com esse formato, pretende-se transmitir ao público a dimensão das tradições ritualística dessas populações e suas relações com as entidades sobrenaturais.
Já a segunda mostra traz um registro fotográfico de diversos povos indígenas dos Estados Unidos, feito pelo fotógrafo norte-americano Edward S. Curtis (1868-1952), que dedicou boa parte de sua vida à documentação do cotidiano dessas populações, produzindo um acervo que ultrapassa a marca de 40 mil fotos. Na exposição, serão mostradas 60 delas, que retratam as indumentárias utilizadas pelos índios norte-americanos até a primeira metade do século XX.
As fotos, trazidas ao Brasil pela primeira vez, são do arquivo pessoal do curador da exposição, Christopher Cardozo, que possui a maior e mais completa coleção de obras de Curtis do mundo. Ele selecionou imagens representativas das várias regiões geográficas e culturais por onde Curtis fotografou. As fotos já foram exibidas em Brasília, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Manaus e Fortaleza.
EDWARD S. CURTIS – Edward Sheriff Curtis nasceu no estado de Wisconsin no ano de 1868. Seu interesse por fotografia aumentou depois que sua família se mudou para uma região no oeste dos Estados Unidos, chamada Puget Sound, perto de Seattle, no Estado de Washington. Curtis ficou fascinado com os índios norte-americanos de Puget Sound e, embora não tenha estudado além da oitava série do curso primário, aprendeu a arte fotográfica sozinho e se tornou um homem bem informado. Confeccionou até sua própria máquina fotográfica, depois de estudar a lente de um estereoscópio.
Contato
Assessoria de Imprensa do Consulado dos Estados Unidos no Recife
(81) 3416.3096 / 3066 – Joanna Paula Ferreira: 9910.9745
Serviço
Abertura das exposições Mitos, Danças e Rituais Indígenas e O Legado Sagrado dos Índios Americanos
Local: Museu do Estado de Pernambuco (Avenida Rui Barbosa, 960, Graças, Recife)
Data: 12/05
Horário: 19h
Visitação: Terça a sexta, das 9h às 17h; Sábados e domingos, das 14h às 17h
Em cartaz até dia 12 de junho. Entrada franca
Mais informações
www.nacaocultural.pe.gov.br
fundarpe@gmail.com
(81) 3184.3005 / 3009
www.twitter.com/fundarpe
No próximo dia 12, o Museu do Estado de Pernambuco (Mepe) inaugura de uma só vez duas exposições que irão movimentar o espaço até o final do mês de maio. O Espaço Cícero Dias recebe as mostras Mitos, Danças e Rituais Indígenas e O Legado Sagrado dos Índios Americanos, ambas constituídas por fotos e objetos pertencentes a diferentes povos do continente.
A primeira reúne parte do acervo da coleção Carlos Estevão de Oliveira, coletado durante os anos 30. A mostra é composta tanto por objetos utilizados nos antigos rituais indígenas – como maracá, flautas, cuias, lanças – e por fotografias que retratam o a vida cultural de povos como o Canela, Pankararu, Tuxá e Fulni-ô. Com esse formato, pretende-se transmitir ao público a dimensão das tradições ritualística dessas populações e suas relações com as entidades sobrenaturais.
Já a segunda mostra traz um registro fotográfico de diversos povos indígenas dos Estados Unidos, feito pelo fotógrafo norte-americano Edward S. Curtis (1868-1952), que dedicou boa parte de sua vida à documentação do cotidiano dessas populações, produzindo um acervo que ultrapassa a marca de 40 mil fotos. Na exposição, serão mostradas 60 delas, que retratam as indumentárias utilizadas pelos índios norte-americanos até a primeira metade do século XX.
As fotos, trazidas ao Brasil pela primeira vez, são do arquivo pessoal do curador da exposição, Christopher Cardozo, que possui a maior e mais completa coleção de obras de Curtis do mundo. Ele selecionou imagens representativas das várias regiões geográficas e culturais por onde Curtis fotografou. As fotos já foram exibidas em Brasília, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Manaus e Fortaleza.
EDWARD S. CURTIS – Edward Sheriff Curtis nasceu no estado de Wisconsin no ano de 1868. Seu interesse por fotografia aumentou depois que sua família se mudou para uma região no oeste dos Estados Unidos, chamada Puget Sound, perto de Seattle, no Estado de Washington. Curtis ficou fascinado com os índios norte-americanos de Puget Sound e, embora não tenha estudado além da oitava série do curso primário, aprendeu a arte fotográfica sozinho e se tornou um homem bem informado. Confeccionou até sua própria máquina fotográfica, depois de estudar a lente de um estereoscópio.
Contato
Assessoria de Imprensa do Consulado dos Estados Unidos no Recife
(81) 3416.3096 / 3066 – Joanna Paula Ferreira: 9910.9745
Serviço
Abertura das exposições Mitos, Danças e Rituais Indígenas e O Legado Sagrado dos Índios Americanos
Local: Museu do Estado de Pernambuco (Avenida Rui Barbosa, 960, Graças, Recife)
Data: 12/05
Horário: 19h
Visitação: Terça a sexta, das 9h às 17h; Sábados e domingos, das 14h às 17h
Em cartaz até dia 12 de junho. Entrada franca
Mais informações
www.nacaocultural.pe.gov.br
fundarpe@gmail.com
(81) 3184.3005 / 3009
www.twitter.com/fundarpe
sexta-feira, 7 de maio de 2010
Lançamento do Livro "À Sombra da Jurema Encantada" de Sandro Salles
Autógrafo
Domingo, 9 de maio às 17h
Livro: À SOMBRA DA JUREMA ENCANTADA
Autor: Sandro Guimarães de Salles
Editora: UFPE Local: Livraria Cultura Paço Alfândega - R. Madre de Deus, s/n - Recife/PE.
terça-feira, 4 de maio de 2010
Reportagem Revista Trip; Que Droga é Essa?
Postado em: http://revistatrip.uol.com.br/revista/187/reportagens/que-droga-e-essa.html
Que droga é essa? Buscamos alterar nossa consciência de alguma forma, mas ainda não sabemos lidar com isso.
Da criança que se diverte girando até ficar tonta ao nóia do centro, passando, provavelmente, por você, todos buscamos alterar nossa consciência de alguma forma de vez em quando. Depois de décadas de uma malsucedida guerra contra as drogas, ainda não sabemos lidar com uma das mais básicas e complicadas necessidades humanas.
Seja por prazer, por curiosidade, medo, para fugir dos problemas, para resolvê-los, para encontrar Deus ou se jogar em pecados, a fome que o homem tem por alterar sua dita “normalidade” é parte crucial da nossa história e do nosso destino. Da criança que gira obsessivamente para cair tonta, e rindo, no chão até o mais inconsequente dos psiconautas – há em nossa espécie um desejo profundo em colocar a consciência para funcionar sob novos parâmetros. Pouco importa se, pessoalmente, gostamos ou não de drogas. Mas é preciso, em nome da sanidade pública, entender que quem as usa não é simplesmente criminoso, doente, covarde ou corajoso – é, antes de tudo, humano.
Arqueólogos possuem evidências de uso de maconha e plantas psicodélicas em datas próximas a 3 mil anos antes de Cristo. Os Vedas, considerados os mais antigos textos espirituais do mundo, fazem referência ao Soma, um lendário preparado psicoativo que aparenta ser feito com base no cogumelo Amanita muscaria, de grande poder alucinógeno. Em todos os continentes, poderosos preparados vegetais foram a base de importantes estruturas espirituais. Ayahuasca, paricá e san pedro na América do Sul. Cogumelos, peiote, Salvia divinorum na América Central. Maconha na Índia. Iboga no oeste africano. Preparados similares ao chás ayahuasqueiros para ingestão de DMT no Oriente Médio. Opiácios na China. Culto de fungos psicoativos entre os gregos antigos. E uma longa lista de inebriantes, estupefacientes e psicodélicos que, ao longo da história, foram achando seus lugares entre lares, bares, templos, becos e alcovas. Toda cultura, e toda revolução cultural, invariavelmente conta com suas drogas, que ajudam a definir o espírito de um tempo e de um lugar.
Mas apontar para o fator ancestral não deve ser o bastante para nos convencer de que recalibrar a consciência é parte da experiência humana. O antropólogo Henrique Carneiro, especialista na história social das drogas e membro do Neip (Núcleo de Estudos Interdisciplinares dos Psicoativos), abre a questão: “O uso de drogas evoca significados mais profundos do que um hedonismo químico ou um uso psicoterapêutico, mas remete a uma crescente plasticidade da subjetividade humana que se espelha em diversos meios técnicos para buscar a alteração de si, dos estados da consciência, cognição, afetividade e humor”.
Babel de opiniões
Prova do que Henrique defende é que séculos passam, igrejas nascem e morrem, códigos morais florescem e caducam – e o número de opções para a inebriação só aumenta. Assim como se tornaram, com o tempo, ainda mais diversas e insondáveis as razões pelas quais alguém usa ou abusa das drogas. Por isso o assunto pede sobriedade. Algo raro nos discursos de caretas convictos, ex-drogados arrependidos, maconheiros felizes, cheiradores enrustidos, daimistas iluminados, sanitaristas pragmáticos, políticos conservadores e progressistas, religiosos intolerantes e uma multidão dispersa e difusa pelo planeta, que tem cravada na cabeça o que pensa sobre as substâncias que alteram nossos sentidos.
“A guerra às drogas não está funcionando. E foi ela que gerou essa violência...”
O caso é que a babel de opiniões desencontradas sempre esbarra no mesmo muro: o da lei. E, por mais que tenhamos a sensação de que “sempre foi assim”, a política internacional repressiva tem uma origem muito recente. Apesar de o século 20 ter derrubado tabus sexuais e morais, na questão psicoativa ainda vive numa espécie de idade média. O veto à maconha veio, nos EUA, na primeira década do século passado por força de lobistas interessados em destruir a indústria de fibras de cânhamo e apoiado por políticos racistas a fim de encarcerar mais negros (praticamente o único grupo a fumar maconha naqueles tempos). Até os anos 40, cocaína era vendida em farmácias e até tônicos infantis carregavam o alcaloide em suas fórmulas. Devagar e sempre uma onda proibicionista se alastrava, mas foi quando as drogas se tornaram combustível de contestação política nos anos 60 que veio o tsunami.
A convenção da ONU de 1971 criou o Painel Internacional de Controle de Narcóticos, que, notoriamente, foi desenhado pelo governo conservador de Richard Nixon, o alvo favorito da geração hippie. Mike Crowley, estudioso de budismo e psicodélicos, na época engajado ativista antiguerra, dá o diagnóstico de quem viveu de perto: “Proibir e reprimir determinada droga é também uma forma de proibir um tipo de grupo, de mentalidade. A convenção de 71 foi mais uma maneira que Nixon achou de esmagar seus opositores”.
O fato é que o mundo, e uma ditatorial América Latina, acabou assinando o tratado que rasurou qualquer valor medicinal e espiritual da maioria dos psicoativos de uso ancestral, ignorou estudos que assinalavam o potencial psicoterapêutico do LSD e baniu autorizações inclusive para futuras pesquisas clínicas com drogas proibidas. “Vivíamos a idade de ouro da psicoterapia. Mas nenhum médico da área foi ouvido”, recorda-se Ann Shulgin, famosa psicóloga psicodélica, esposa do químico Sasha Shulgin. “Lembro do quanto eu chorei quando proibiram o ácido. Nosso trabalho foi simplesmente encerrado sem nenhuma consideração”, lamenta Ann. E dessa convenção se seguiram outras ao longo de 20 anos. O termo guerra às drogas se tornou política internacional. Ronald Reagan criou o slogan “Just Say No” (Apenas diga não). Se algum novo alterador da consciência chegava às ruas, rapidamente era vedado. O consenso nunca debatido era um só: reprimir para “Livrar o mundo das drogas. É possível”, era o mantra declarado dos painéis.
Guerra perdida
Muito diferente é o seguinte slogan: “Rumo a um novo paradigma”. É o que propõe a CBDD, a Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia. Trata-se de uma louvável iniciativa do Viva Rio, encabeçada pelo antropólogo Rubem César Fernandes, que ajuda a organizar um grupo do mais alto escalão político e judicial brasileiro para um debate sobre uma reforma em nossa política de drogas. Entre os pesos pesados na mesa, a estrela é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que de uns tempos pra cá tem levantado a bandeira da descriminalização do uso das drogas. A razão é clara e já ecoa pelo mundo, mas na boca de um influente ex-chefe de Estado ganha peso 2. FHC conclui: “A guerra às drogas não está funcionando. E foi ela que gerou essa violência no México, na Colômbia. Só que eles [a ONU] estão perdendo a guerra”.
Ele é um dos que não se acanham em vir a público reconhecer que desde sempre o humano usa drogas. Não se priva em dizer que usuário não é criminoso nem pode ser tratado como um. Defende e articula em público e privado um raro consenso entre PT, DEM e o seu PSDB. Mas ele também ainda se perde em estranhas conclusões. “Ninguém aqui está falando em legalizar”, diz o ex-presidente na mesa, “porque, quando o governo legaliza, ele diz que pode usar. Que a pessoa deve usar.”
FHC e seus pares na comissão (a ex-ministra do STF Ellen Gracie, o deputado federal Raul Jungmann, o governador do Rio, Sérgio Cabral, e segue a lista) buscam tirar o usuário de drogas da esfera criminal. Mas no projeto que vem sendo costurado não consideram criar uma alternativa legal para a produção e venda de maconha. Ao contrário, querem reforçar as penas e o combate ao tráfico sob o velho olhar de que drogas são necessariamente prejudiciais e que o usuário precisa de ajuda e não de facilidades de acesso. Em parte por suas próprias convicções, mas muito guiados pelo temor de um massacre eleitoral (“suicídio político” foi uma expressão usada nas conversas da comissão), indicando que a legalização ainda não tem chances no chão do Congresso.
Abuso e Uso:
O projeto de lei sobre a mesa da CBDD está sendo escrito pela caneta do deputado Paulo Teixeira (PT/SP). Ciente da dificuldade de aprovar qualquer texto ousado, ele busca terreno entre os deputados mais conservadores para avançar nos critérios de diferenciação entre usuário e traficante. E, principalmente, no que acontece a alguém flagrado com drogas para seu uso. “Precisamos mover passo a passo”, avalia o deputado, “e sentir a hora certa de avançar mais.” Pelo andar da carruagem, e pelos acirrados ânimos eleitorais, a votação deve ficar para 2011. Mas há uma chance de o consenso ser costurado ainda este ano.
Convidada para apresentar o livro Cannabis Policy na comissão, a condessa de Wemyss, Amanda Feilding, se decepciona: “Descriminalizar o uso não é o suficiente. Se o objetivo é reduzir a violência e tirar o poder dos cartéis, o Estado precisa regular e aceitar alguma alternativa para a produção e a compra legal dessas drogas. Sem isso, o jogo não muda”. O livro que Amanda veio oferecer aos políticos brasileiros é um aprofundado estudo que descreve a maconha não apenas como droga e seus respectivos efeitos a longo prazo no usuário, mas investiga a economia e sugere formas racionais de regular a mais popular de todas as drogas ilegais. Ela vai além, falando sobre o que concluiu ao longo de mais de 40 anos de militância por uma política mais sensível: “Os políticos não têm o conceito de uso de drogas. Para eles o uso é sempre abuso. Não existe sequer a ideia de que alguém pode passar a vida usando drogas e não ter grandes problemas sociais”.
O economista Peter Reuter, renomado especialista no mercado ilegal de drogas, é um dos autores do livro. Seus estudos estimam que 80% de todo o volume de drogas proibidas consumidas no mundo é a milenar cannabis. São dados acatados pela Comissão de Drogas e Crime das Nações Unidas, ela mesma, no papel, uma seguidora do mantra proibicionista. Isso significa cerca de 166 milhões de usuários de maconha no mundo, algo em torno de 4% da população mundial adulta. Todo o restante de drogas ilegais é utilizado por 1% dos adultos da Terra, algo em torno de 34 milhões de pessoas. Se a maconha e, apenas ela, fosse retirada da lista das substâncias caçadas pela polícia, todo o orçamento trilionário da guerra às drogas cairia por terra. “Não defendo o uso, pelo contrário, creio que deveríamos criar campanhas para desencorajar o uso da cannabis. Mas a atual abordagem me parece mais danosa à sociedade do que um mercado regulado e fiscalizado pelo Estado”, conclui Reuter, que afirma, em conversas privadas, nunca ter experimentado a erva.
“A atual abordagem me parece mais danosa à sociedade do que um mercado regulado e fiscalizado pelo estado”
California dream?
A conclusão do especialista é a de que não faz sentido um orçamento próximo de US$ 1 trilhão ao ano, e muito sangue, para reprimir um mercado que seria tão mais restrito se a maconha fosse tirada da conta. E, considerando o consumo de drogas muito mais nocivas como a heroína, o estudo que dá lastro ao Cannabis Policy também dá um diagnóstico diferente da mentalidade muito bem difundido da estrada sem volta das drogas...
Do 1% dos terráqueos que utilizam drogas mais pesadas e aditivas do que a maconha, apenas 10% desenvolvem grave dependência e problemas sociais. O que significa um número de 0,1% da população mundial que é viciada em drogas ilícitas e pode tornar-se um transtorno ou risco para as pessoas ao seu redor. É um número que poderia ser mais bem administrado (e reduzido) através de programas de educação e recuperação com verbas infinitamente menores do que o orçamento da guerra às drogas. Hoje, os demais 90% de usuários parecem passar a vida mantendo um uso controlado e sem graves consequências. Exceto uma: o dinheiro que gastam, e que sustenta uma podre rede criminosa no mundo.
Mas, a despeito dessa realidade, quando se fala de drogas nos órgãos internacionais, a maconha não entra na pauta. Nem o uso responsável. Nem os aspectos antropológicos, médicos, espirituais ou hedonistas da nossa relação com as drogas. Mas há um movimento contrário, dá para sentir, quando revistas tão mainstream como a Economist defendem na capa a legalização de todas as drogas. Ou quando países como Portugal, de onde FHC tirou grande parte de suas novas posturas, ignoram a convenção de 1971 e criam contextos legais para o uso e o cultivo de maconha com sensíveis resultados positivos, como a redução do tráfico nas fronteiras e sem um aumento significativo no número de usuários. Um movimento de realismo pode emergir quando a Califórnia votar, em novembro, uma proposta que pode legalizar a maconha no Estado mais rico dos EUA. O ativista pró-maconha medicinal da costa oeste americana, James Anthony, um dos representantes da campanha pelo “sim”, avalia: “Há dez anos um plebiscito como esse seria inviável. A maré está virando”. Se isso acontecer, especialistas concordam, um efeito cascata pode ocorrer – e soluções locais para regulamentar as drogas podem ocupar a pauta de parlamentos pelo mundo.
Só nos resta torcer por lucidez nos círculos do poder e, mais importante, nos informar. Exigir de nós mesmos e de quem discute conosco coerência e uma mente aberta para o assunto. Trazer a discussão para nossa rotina e tentar pensar as drogas mais profundamente. Não existe resposta fácil e, independente de que caminho o mundo vai seguir no pós-guerra, continuaremos vendo consequências do abuso de substâncias. Seguiremos nos entorpecendo para celebrar, para consolar, para pensar menos ou mais. E, sobretudo, para ver as coisas de uma forma diferente – exatamente o que é mais urgente em relação às drogas.
Tags: , Cannabis Policy, Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia, drogas, Ellen Gracie, Henrique Carneiro, iboga, LSD, maconha, Núcleo de Estudos Interdisciplinares dos Psicoativos, ONU, Peter Reuter, Salvia divinorum, Sérgio Cabral, Vedas.
Que droga é essa? Buscamos alterar nossa consciência de alguma forma, mas ainda não sabemos lidar com isso.
Da criança que se diverte girando até ficar tonta ao nóia do centro, passando, provavelmente, por você, todos buscamos alterar nossa consciência de alguma forma de vez em quando. Depois de décadas de uma malsucedida guerra contra as drogas, ainda não sabemos lidar com uma das mais básicas e complicadas necessidades humanas.
Seja por prazer, por curiosidade, medo, para fugir dos problemas, para resolvê-los, para encontrar Deus ou se jogar em pecados, a fome que o homem tem por alterar sua dita “normalidade” é parte crucial da nossa história e do nosso destino. Da criança que gira obsessivamente para cair tonta, e rindo, no chão até o mais inconsequente dos psiconautas – há em nossa espécie um desejo profundo em colocar a consciência para funcionar sob novos parâmetros. Pouco importa se, pessoalmente, gostamos ou não de drogas. Mas é preciso, em nome da sanidade pública, entender que quem as usa não é simplesmente criminoso, doente, covarde ou corajoso – é, antes de tudo, humano.
Arqueólogos possuem evidências de uso de maconha e plantas psicodélicas em datas próximas a 3 mil anos antes de Cristo. Os Vedas, considerados os mais antigos textos espirituais do mundo, fazem referência ao Soma, um lendário preparado psicoativo que aparenta ser feito com base no cogumelo Amanita muscaria, de grande poder alucinógeno. Em todos os continentes, poderosos preparados vegetais foram a base de importantes estruturas espirituais. Ayahuasca, paricá e san pedro na América do Sul. Cogumelos, peiote, Salvia divinorum na América Central. Maconha na Índia. Iboga no oeste africano. Preparados similares ao chás ayahuasqueiros para ingestão de DMT no Oriente Médio. Opiácios na China. Culto de fungos psicoativos entre os gregos antigos. E uma longa lista de inebriantes, estupefacientes e psicodélicos que, ao longo da história, foram achando seus lugares entre lares, bares, templos, becos e alcovas. Toda cultura, e toda revolução cultural, invariavelmente conta com suas drogas, que ajudam a definir o espírito de um tempo e de um lugar.
Mas apontar para o fator ancestral não deve ser o bastante para nos convencer de que recalibrar a consciência é parte da experiência humana. O antropólogo Henrique Carneiro, especialista na história social das drogas e membro do Neip (Núcleo de Estudos Interdisciplinares dos Psicoativos), abre a questão: “O uso de drogas evoca significados mais profundos do que um hedonismo químico ou um uso psicoterapêutico, mas remete a uma crescente plasticidade da subjetividade humana que se espelha em diversos meios técnicos para buscar a alteração de si, dos estados da consciência, cognição, afetividade e humor”.
Babel de opiniões
Prova do que Henrique defende é que séculos passam, igrejas nascem e morrem, códigos morais florescem e caducam – e o número de opções para a inebriação só aumenta. Assim como se tornaram, com o tempo, ainda mais diversas e insondáveis as razões pelas quais alguém usa ou abusa das drogas. Por isso o assunto pede sobriedade. Algo raro nos discursos de caretas convictos, ex-drogados arrependidos, maconheiros felizes, cheiradores enrustidos, daimistas iluminados, sanitaristas pragmáticos, políticos conservadores e progressistas, religiosos intolerantes e uma multidão dispersa e difusa pelo planeta, que tem cravada na cabeça o que pensa sobre as substâncias que alteram nossos sentidos.
“A guerra às drogas não está funcionando. E foi ela que gerou essa violência...”
O caso é que a babel de opiniões desencontradas sempre esbarra no mesmo muro: o da lei. E, por mais que tenhamos a sensação de que “sempre foi assim”, a política internacional repressiva tem uma origem muito recente. Apesar de o século 20 ter derrubado tabus sexuais e morais, na questão psicoativa ainda vive numa espécie de idade média. O veto à maconha veio, nos EUA, na primeira década do século passado por força de lobistas interessados em destruir a indústria de fibras de cânhamo e apoiado por políticos racistas a fim de encarcerar mais negros (praticamente o único grupo a fumar maconha naqueles tempos). Até os anos 40, cocaína era vendida em farmácias e até tônicos infantis carregavam o alcaloide em suas fórmulas. Devagar e sempre uma onda proibicionista se alastrava, mas foi quando as drogas se tornaram combustível de contestação política nos anos 60 que veio o tsunami.
A convenção da ONU de 1971 criou o Painel Internacional de Controle de Narcóticos, que, notoriamente, foi desenhado pelo governo conservador de Richard Nixon, o alvo favorito da geração hippie. Mike Crowley, estudioso de budismo e psicodélicos, na época engajado ativista antiguerra, dá o diagnóstico de quem viveu de perto: “Proibir e reprimir determinada droga é também uma forma de proibir um tipo de grupo, de mentalidade. A convenção de 71 foi mais uma maneira que Nixon achou de esmagar seus opositores”.
O fato é que o mundo, e uma ditatorial América Latina, acabou assinando o tratado que rasurou qualquer valor medicinal e espiritual da maioria dos psicoativos de uso ancestral, ignorou estudos que assinalavam o potencial psicoterapêutico do LSD e baniu autorizações inclusive para futuras pesquisas clínicas com drogas proibidas. “Vivíamos a idade de ouro da psicoterapia. Mas nenhum médico da área foi ouvido”, recorda-se Ann Shulgin, famosa psicóloga psicodélica, esposa do químico Sasha Shulgin. “Lembro do quanto eu chorei quando proibiram o ácido. Nosso trabalho foi simplesmente encerrado sem nenhuma consideração”, lamenta Ann. E dessa convenção se seguiram outras ao longo de 20 anos. O termo guerra às drogas se tornou política internacional. Ronald Reagan criou o slogan “Just Say No” (Apenas diga não). Se algum novo alterador da consciência chegava às ruas, rapidamente era vedado. O consenso nunca debatido era um só: reprimir para “Livrar o mundo das drogas. É possível”, era o mantra declarado dos painéis.
Guerra perdida
Muito diferente é o seguinte slogan: “Rumo a um novo paradigma”. É o que propõe a CBDD, a Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia. Trata-se de uma louvável iniciativa do Viva Rio, encabeçada pelo antropólogo Rubem César Fernandes, que ajuda a organizar um grupo do mais alto escalão político e judicial brasileiro para um debate sobre uma reforma em nossa política de drogas. Entre os pesos pesados na mesa, a estrela é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que de uns tempos pra cá tem levantado a bandeira da descriminalização do uso das drogas. A razão é clara e já ecoa pelo mundo, mas na boca de um influente ex-chefe de Estado ganha peso 2. FHC conclui: “A guerra às drogas não está funcionando. E foi ela que gerou essa violência no México, na Colômbia. Só que eles [a ONU] estão perdendo a guerra”.
Ele é um dos que não se acanham em vir a público reconhecer que desde sempre o humano usa drogas. Não se priva em dizer que usuário não é criminoso nem pode ser tratado como um. Defende e articula em público e privado um raro consenso entre PT, DEM e o seu PSDB. Mas ele também ainda se perde em estranhas conclusões. “Ninguém aqui está falando em legalizar”, diz o ex-presidente na mesa, “porque, quando o governo legaliza, ele diz que pode usar. Que a pessoa deve usar.”
FHC e seus pares na comissão (a ex-ministra do STF Ellen Gracie, o deputado federal Raul Jungmann, o governador do Rio, Sérgio Cabral, e segue a lista) buscam tirar o usuário de drogas da esfera criminal. Mas no projeto que vem sendo costurado não consideram criar uma alternativa legal para a produção e venda de maconha. Ao contrário, querem reforçar as penas e o combate ao tráfico sob o velho olhar de que drogas são necessariamente prejudiciais e que o usuário precisa de ajuda e não de facilidades de acesso. Em parte por suas próprias convicções, mas muito guiados pelo temor de um massacre eleitoral (“suicídio político” foi uma expressão usada nas conversas da comissão), indicando que a legalização ainda não tem chances no chão do Congresso.
Abuso e Uso:
O projeto de lei sobre a mesa da CBDD está sendo escrito pela caneta do deputado Paulo Teixeira (PT/SP). Ciente da dificuldade de aprovar qualquer texto ousado, ele busca terreno entre os deputados mais conservadores para avançar nos critérios de diferenciação entre usuário e traficante. E, principalmente, no que acontece a alguém flagrado com drogas para seu uso. “Precisamos mover passo a passo”, avalia o deputado, “e sentir a hora certa de avançar mais.” Pelo andar da carruagem, e pelos acirrados ânimos eleitorais, a votação deve ficar para 2011. Mas há uma chance de o consenso ser costurado ainda este ano.
Convidada para apresentar o livro Cannabis Policy na comissão, a condessa de Wemyss, Amanda Feilding, se decepciona: “Descriminalizar o uso não é o suficiente. Se o objetivo é reduzir a violência e tirar o poder dos cartéis, o Estado precisa regular e aceitar alguma alternativa para a produção e a compra legal dessas drogas. Sem isso, o jogo não muda”. O livro que Amanda veio oferecer aos políticos brasileiros é um aprofundado estudo que descreve a maconha não apenas como droga e seus respectivos efeitos a longo prazo no usuário, mas investiga a economia e sugere formas racionais de regular a mais popular de todas as drogas ilegais. Ela vai além, falando sobre o que concluiu ao longo de mais de 40 anos de militância por uma política mais sensível: “Os políticos não têm o conceito de uso de drogas. Para eles o uso é sempre abuso. Não existe sequer a ideia de que alguém pode passar a vida usando drogas e não ter grandes problemas sociais”.
O economista Peter Reuter, renomado especialista no mercado ilegal de drogas, é um dos autores do livro. Seus estudos estimam que 80% de todo o volume de drogas proibidas consumidas no mundo é a milenar cannabis. São dados acatados pela Comissão de Drogas e Crime das Nações Unidas, ela mesma, no papel, uma seguidora do mantra proibicionista. Isso significa cerca de 166 milhões de usuários de maconha no mundo, algo em torno de 4% da população mundial adulta. Todo o restante de drogas ilegais é utilizado por 1% dos adultos da Terra, algo em torno de 34 milhões de pessoas. Se a maconha e, apenas ela, fosse retirada da lista das substâncias caçadas pela polícia, todo o orçamento trilionário da guerra às drogas cairia por terra. “Não defendo o uso, pelo contrário, creio que deveríamos criar campanhas para desencorajar o uso da cannabis. Mas a atual abordagem me parece mais danosa à sociedade do que um mercado regulado e fiscalizado pelo Estado”, conclui Reuter, que afirma, em conversas privadas, nunca ter experimentado a erva.
“A atual abordagem me parece mais danosa à sociedade do que um mercado regulado e fiscalizado pelo estado”
California dream?
A conclusão do especialista é a de que não faz sentido um orçamento próximo de US$ 1 trilhão ao ano, e muito sangue, para reprimir um mercado que seria tão mais restrito se a maconha fosse tirada da conta. E, considerando o consumo de drogas muito mais nocivas como a heroína, o estudo que dá lastro ao Cannabis Policy também dá um diagnóstico diferente da mentalidade muito bem difundido da estrada sem volta das drogas...
Do 1% dos terráqueos que utilizam drogas mais pesadas e aditivas do que a maconha, apenas 10% desenvolvem grave dependência e problemas sociais. O que significa um número de 0,1% da população mundial que é viciada em drogas ilícitas e pode tornar-se um transtorno ou risco para as pessoas ao seu redor. É um número que poderia ser mais bem administrado (e reduzido) através de programas de educação e recuperação com verbas infinitamente menores do que o orçamento da guerra às drogas. Hoje, os demais 90% de usuários parecem passar a vida mantendo um uso controlado e sem graves consequências. Exceto uma: o dinheiro que gastam, e que sustenta uma podre rede criminosa no mundo.
Mas, a despeito dessa realidade, quando se fala de drogas nos órgãos internacionais, a maconha não entra na pauta. Nem o uso responsável. Nem os aspectos antropológicos, médicos, espirituais ou hedonistas da nossa relação com as drogas. Mas há um movimento contrário, dá para sentir, quando revistas tão mainstream como a Economist defendem na capa a legalização de todas as drogas. Ou quando países como Portugal, de onde FHC tirou grande parte de suas novas posturas, ignoram a convenção de 1971 e criam contextos legais para o uso e o cultivo de maconha com sensíveis resultados positivos, como a redução do tráfico nas fronteiras e sem um aumento significativo no número de usuários. Um movimento de realismo pode emergir quando a Califórnia votar, em novembro, uma proposta que pode legalizar a maconha no Estado mais rico dos EUA. O ativista pró-maconha medicinal da costa oeste americana, James Anthony, um dos representantes da campanha pelo “sim”, avalia: “Há dez anos um plebiscito como esse seria inviável. A maré está virando”. Se isso acontecer, especialistas concordam, um efeito cascata pode ocorrer – e soluções locais para regulamentar as drogas podem ocupar a pauta de parlamentos pelo mundo.
Só nos resta torcer por lucidez nos círculos do poder e, mais importante, nos informar. Exigir de nós mesmos e de quem discute conosco coerência e uma mente aberta para o assunto. Trazer a discussão para nossa rotina e tentar pensar as drogas mais profundamente. Não existe resposta fácil e, independente de que caminho o mundo vai seguir no pós-guerra, continuaremos vendo consequências do abuso de substâncias. Seguiremos nos entorpecendo para celebrar, para consolar, para pensar menos ou mais. E, sobretudo, para ver as coisas de uma forma diferente – exatamente o que é mais urgente em relação às drogas.
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