segunda-feira, 21 de março de 2011

"Poeira de Estrelas". Símbolos e discursos entre usuários de drogas e seus terapeutas em Recife

Dissertação de mestrado em Antropologia defendida no ano de 2004 na UFPE por Roberto Pacheco mediante a orientãção da professora Danielle Perin Rocha Pitta. A dissertação completa pode ser acessada no link: http://www.bdtd.ufpe.br/tedeSimplificado//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=117 Abaixo consta o resumo. Vale a pena conferir...

Resumo:

Entre julho de 2002 e agosto de 2003 realizei a observação participante em um centro especializado de tratamento às dependências químicas de um grande hospital do Recife, praticando a psicoterapia com os pacientes e convivendo com seus demais terapeutas – colegas psicólogos, psiquiatras, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais. Durante seis meses, também como experiência de campo, freqüentei os espaços de moradia e lazer de um grupo de usuários de drogas, que não estavam em tratamento, os quais denominei de ‘impacientes’. Os objetivos da pesquisa incluíam investigar as interrelações simbólicas entre os grupos. Os frutos etnográficos e as prerrogativas do método escolhido – no âmbito dos estudos do imaginário – levaram-me a conceber a dissertação no formato de romance, que se pretende polifônico, inspirado no sentido que Bakhtin atribui ao romance de formação do sujeito e de seu contexto. Os usuários de drogas com os quais dialoguei me parecem plurais como seus usos, motivações e reações – quetambém expressam uma positividade que se abre à imaginação – embora se apresentem vulneráveis a dinâmicas psicopatológicas, construídas nas trocas simbólicas com seu contexto sociocultural. Procurei descrever como os saberes-poderes que amparam certas práticas supostamente terapêuticas podem repercutir dois arquétipos complementares estudados por Gilbert Durand: a mancha e a marca. Em uma conjunção experimental daantropologia, psicologia, psicanálise e literatura, o que pretendi não foi oferecer uma imagem do ‘drogado’; mas penso ter desvelado parcialmente um caleidoscópio de imagens do sujeito usuário de drogas, que curiosamente se confunde com as injunções de nosso cotidiano pós-moderno: os usos de drogas podem ser vistos como maneiras de estar no mundo, expressões do sujeito humano no mundo, ou seja, derivativos de nossacondição humana. Diante dos dados da pesquisa e de minha análise, os paradigmas decorrentes de uma visão esquizomórfica no tratamento de pacientes usuários de drogas mostram-se cientificamente questionáveis, politicamente determináveis, moralmente estigmatizantes e terapeuticamente ineficazes.

Palavras-chave: Psicoterapias, Usos de drogas, ANTROPOLOGIA

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