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quarta-feira, 28 de abril de 2010
Câmara recifense discute marcha da maconha e utilização da droga para fins medicinais
Postado em: http://geraldofreire.uol.com.br Em 28.04.10, às 14h45.
Parlamentares, profissionais da saúde e ativistas do movimento pela liberação da maconha no Brasil discutiram o uso da Cannabis sativa - nome científico da planta - para fins medicinais, em audiência pública no plenarinho da Câmara Recife. A audiência convocada pelo vereador Osmar Ricardo (PT), anunciou que no próximo domingo, dia 2 de maio, será realizada a Marcha da Maconha.
O biólogo José Arturo Escobar, membro do Grupo de Estudos de Álcool e outras Drogas da UFPE, defendeu a criação da Agência Brasileira da Cannabis Medicinal para regulamentar a produção e distribuição da droga. “A maconha com seus princípios ativos é indicada para pacientes em quimioterapia para combater náuseas e enjôos. Também pode ser usada em casos de espasmos musculares, epilepsia, insônia e depressão”.
De acordo com Giliate Coelho, médico de saúde da família, a Cannabis já era usada como medicamento há mais de dois mil anos pelos chineses. “Atualmente, a droga é permitida para uso medicinal em países como o Canadá, Reino Unido, Bélgica, Holanda, Espanha, EUA, Argentina, Israel, Itália. Como analgésico, a Cannabis é duzentas vezes mais poderosa do que a morfina”. Ele falou também sobre estudos que comprovam a eficácia da maconha no tratamento de dependentes de outras drogas como o crack e a cocaína. Nestes casos, a Cannabis atua no combate aos sintomas de abstinência.
Já o vereador Luiz Eustáquio (PT), presidente da Comissão de Saúde da Câmara, considera perigosa e desnecessária a liberação da droga para fins medicinais. “Existem outros tipos de drogas com efeitos até maiores do que a maconha. Ela vicia e aprisiona as pessoas, afastando-as do convívio familiar e social. Um cigarro de maconha equivale, segundo alguns estudos, a vinte cigarros comuns no potencial cancerígeno”. Eustáquio é também é contra a Marcha da Maconha.
Um dos organizadores do evento no Recife, o historiador Gilberto Borges, garantiu que a marcha não faz apologia ao uso da maconha. “É um movimento que acontece em 300 países e quer regulamentar a distribuição e o consumo da Cannabis. A proibição alimenta o tráfico, que movimenta bilhões de dólares e gera guerras em todo o mundo. Ao longo dos tempos, todos os povos, de todas as civilizações, usaram algum tipo de droga”.
Para o vereador Osmar Ricardo a audiência pública atingiu o objetivo de discutir pontos de vista divergentes sobre a liberação da maconha. Ele defendeu o aprofundamento ainda maior do debate: “Existe um grande preconceito, mas precisamos levar esta discussão para toda a sociedade, que ganhará destaque com a Marcha da Maconha. Todos têm o direito de se expressar e defender o que acredita. Participa quem quer”.
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